Foi jogador de Basketball e chegou à seleção nacional de juniores até que uma lesão o afastou da competição. Mas a paixão por esta modalidade levou-o ainda mais longe. Treinou alguns dos maiores clubes nacionais, também nos Estados Unidos, e enquanto comentador, durante 25 anos, visitou o balneário da mítica equipa de Michael Jordan e Scottie Pippen. Agora, promove o desporto que ama num cenário completamente diferente. O nosso convidado desta semana é Carlos Barroca, vice-presidente de operações da NBA para a Ásia.

A forma como conheceria o jogo que mudou a sua vida é digna de um filme. Estávamos na década de 60 em Moçambique, um jovem Carlos Barroca estava a assistir a um jogo de futebol na escola com os seus colegas mais velhos e, claro, estava de fora porque era mais novo. A certa altura alguém chuta a bola com demasiada força e esta sai do campo, ao que o pequeno Carlos decide ir a correr atrás dela até que encontra um sítio estranho, com uma estrutura metálica, um alvo e uma rede. Não sabia o que era, mas já estava a tentar colocar a bola no cesto enquanto os colegas esperavam pela bola.

A partir desse dia, a vida de Carlos Barroca foi dedicada acima de tudo a uma paixão, o Basketball. E é essa paixão que nos traz a esta conversa e que, admite, comandaria a sua vida.

“Nunca tive muita visão do que ia acontecer a seguir ao que ia fazer. O rumo da minha vida foi levado pelo coração mais do que pela cabeça, porque as razões do coração falaram mais alto.” – Carlos Barroca

Hoje, é “a” pessoa em Portugal com quem falamos de Basketball. Desde a invenção do Basketball por um professor de educação física no Massachusetts, com recurso a dois cestos de pêssegos, para que os alunos pudessem praticar desporto durante um inverno especialmente frio, à internacionalização do desporto devido à expansão militar dos EUA pelo mundo, Carlos Barroca é uma autêntica enciclopédia do desporto.

“Lembro-me de há 35 anos estar na ilha do Pico e uns senhores mais idosos que eu, agora se calhar já são da minha idade, me levarem a uma eira no Pico onde estava uma tabela de Basket. Uma curiosidade, na altura não se tiravam fotografias e não havia telemóveis como hoje. Eu assim a pensar ‘mas como é que esta tabela de Basket veio aqui parar?’ Então tinha sido a primeira geração de imigrantes açorianos que, ao regressarem dos EUA, e eles viviam em San Diego, trouxeram esta coisa do Basket. Então o melhor sítio para a pôr foi numa eira lá na freguesia de São João onde tinha uma tabela de Basket quase centenária.” – Carlos Barroca

No episódio desta semana, Carlos Barroca conta as dificuldades na sua adaptação aos Estados Unidos, como passou a ser comentador, o que distingue o desporto nos Estados Unidos da forma como o vivemos e jogamos na Europa, em particular em Portugal, e ainda sobre o seu trabalho enquanto vice-presidente de operações da NBA para a Ásia.

“Nós trabalhamos com professores para ensinar a ensinar com um sorriso nos lábios, para ensinar a ensinar de forma positiva, para ensinar a ensinar que há sempre hipótese de ser um bom professor ou um mau professor, depende da atitude que se toma perante os seus alunos. Ensinar a ouvir, e ensinar que o desporto é para elevar as pessoas e não para as diminuir. Ensinar que o desporto e o Basketball são uma escola de humanidade e de bons valores. Não há discriminação de nenhuma forma, e ensinar que todos cabem naquilo que é ensinar bem. E, portanto, isto leva-nos a ter hoje em dia mais de 100 mil professores com quem trabalhamos no dia a dia, e desses 100 mil professores trabalhar diretamente com mais de 26 milhões de miúdos.” – Carlos Barroca

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