A guerra na Ucrânia é um primeiro passo da Rússia na tentativa de neutralizar toda a Europa, e o conflito pode muito bem transformar-se num conflito global, para o qual o mundo ocidental deve começar a preparar-se já, defendeu Constanze Stelzenmüller, diretora do Center on United States and Europe da Brookings Institution – a segunda convidada da FLAD para o ciclo de conferências Democracy: The Way Ahead.
Especialista em assuntos de política e segurança externa da Alemanha, Europa e transatlânticas, Constanze Stelzenmüller foi também editora de defesa e segurança internacional do semanário alemão DIE ZEIT entre 1994 e 2005. Mais recentemente, foi Kissinger Chair on Foreign Policy and International Relations na Biblioteca do Congresso dos EUA entre outubro de 2019 e março de 2020, e diretora do German Marshall Fund em Berlim.
A diretora na Brookings Institution esteve na FLAD no passado dia 15 de Fevereiro para uma conversa sob o tema ‘The Free World and Its Enemies: Russia’s war and China’s rise’, que contou com a moderação do Professor Bruno Cardoso Reis, Coordenador de Doutoramento em História e Defesa no ISCTE – IUL, e não mediu as palavras.
“[A guerra na Ucrânia] trata-se de neutralizar a Europa. Não apenas a Europa de leste, mas toda a Europa, e fazer com que os americanos saiam da Europa. Penso que Putin vê toda a Europa como parte de uma potencial esfera de influência da Rússia.” – Constanze Stelzenmüller.
Sobre a guerra, a especialista em política de segurança disse que a Rússia está a conquistar pequenos pedaços de território – e a pagar um custo elevado por isso -, e que o prolongamento do conflito nos moldes atuais será benéfico para o Presidente russo, que ganhará assim tempo para reorganizar as suas forças e atacar novamente mais tarde, com mais força e intensidade.
“É uma campanha de terror, brutal e sádica, que está a desgastar a resiliência notável que a população ucraniana e o seu governo têm demonstrado. (…) Eu estive em zonas de guerra, cobri-as [enquanto jornalista]. E sei reconhecer o mal quando o vejo” – Constanze Stelzenmüller.
Sobre a forma como o conflito pode terminar e o que vem a seguir, a única certeza é que nenhuma opção será boa, como referiu Bruno Cardoso Reis.
“Esta é uma daquelas questões em Relações Internacionais em que perguntamos ‘qual é, garantidamente, a melhor opção?’. Não existe, escolham o vosso veneno.” – Bruno Cardoso Reis.
Esta foi a segunda conferência do ciclo Democracy: The Way Ahead, uma iniciativa da FLAD que tem como objetivo promover um espaço de reflexão e debate sobre as atuais problemáticas com que o mundo se depara, e, com recurso a especialistas internacionais, debater soluções para o futuro.
O ciclo iniciou-se em janeiro com uma conferência de John Ikenberry, Professor na Universidade de Princeton e uma das grandes referências das Relações Internacionais em termos mundiais, sob o tema ‘Does the Liberal International Order have a Future?’, e que foi moderada por Carlos Gaspar, investigador do IPRI-NOVA.
O ciclo regressa em abril com novos convidados, que iremos divulgar em breve aqui, e nas nossas redes sociais.
Posts Relacionados
28 de Abril, 2024
Cinco teses selecionadas para a fase final do Prémio FLAD Ciência Política
Elevada qualidade da investigação, num…
26 de Abril, 2024
Tess Gunty, autora de The ‘Rabbit Hutch’, 15 de Maio na FLAD
Vencedora do National Book Award 2022…
19 de Abril, 2024
‘The Path to Democracy: U.S.-Portugal Relations During the Carnation Revolution and Beyond’ – 8 de maio na FLAD
Uma conversa sobre a importância da…