O nosso convidado desta semana é Frederico Ribeiro, chef português em Nova Iorque, que depois de passar pelas cozinhas de alguns melhores restaurantes do mundo, ganhou fama pela sua comida numa casa de chá de Taiwan que a mulher quis abrir, que nem sequer tinha uma cozinha.

Oriundo de Santa Maria da Feira, Frederico Ribeiro chegou a Nova Iorque com apenas 200 dólares no bolso e com um visto de estudante. Foi para ajudar um amigo, que lhe emprestou o sofá para dormir no primeiro mês, e tentar a sua sorte nas cozinhas da vibrante cidade norte-americana.

Mas na bagagem trazia algo mais valioso: experiência em alguns dos melhores restaurantes do mundo, como o El Bulli. Depois de muitos emails e de mais insistência, conseguiu chegar à cozinha do Per Se, um dos melhores restaurantes de Nova Iorque e que, desde 2006, tem mantido umas incríveis três estrelas Michelin.

A fama, no entanto, chegaria mais tarde e de forma menos convencional. Frederico Ribeiro não estava feliz onde trabalhava e decidiu ajudar a sua mulher, originária de Taiwan, a abrir uma loja de chá na West Village. A loja não tinha cozinha, mas por obra do acaso, e numa peripécia digna de um romance, acabou por começar a servir comida que tinha feito para o seu almoço e o da sua esposa.

Desde então, já teve críticas na New York Magazine, no Wall Street Journal e na bíblia da vida social nova-iorquina, a New Yorker, descreve assim a sua Té Company: “Esta pequena casa de chá de Taiwan é um dos locais mais entusiasmantes para comer em Nova Iorque.”

Nesta conversa com o Filipe Santos Costa, o português explica como é ser chef numa das melhores cidades do mundo na restauração, conta a estranheza dos americanos com o Pudim Abade de Priscos e como cada vez que vem a Portugal tem de ir almoçar ao Ricoca, em Oliveira de Azeméis, o restaurante da avó, que tem à sua espera uma açorda de bacalhau.

“Nova Iorque é o melhor sítio para se ser chef. Há esse cosmopolitismo de juntar o mundo todo, mas as pessoas são extremamente amáveis. A relação entre os chefes aqui em Nova Iorque é extremamente fantástica.” – Frederico Ribeiro

Aquando da sua passagem pelo Per Se, apercebeu-se que a sua vantagem estava na diferença cultural. Foi apenas o segundo português a trabalhar naquele que ainda é um dos melhores restaurantes de Nova Iorque e, por isso, podia trazer uma abordagem diferente. Outra vantagem: o restaurante importava o seu peixe de Portugal.

“A comida portuguesa é conhecida mais através do bacalhau, da sardinha. Nós tínhamos muita sorte porque o peixe do Per Se, importávamos de Portugal. Rodovalho, sardinhas… o peixinho de Portugal é espetacular. A vantagem é que eu poderia propor pratos que eram portugueses. A cozinha portuguesa não é muito conhecida.”

A história do Chef Frederico Ribeiro é uma autêntica história de perseverança, paixão e luta pela sua paixão, com alguns episódios cómicos à mistura e um resultado de sucesso.

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