Há cerca de 1,3 milhões de pessoas a identificar-se como lusodescendentes e imigrantes portugueses nos Estados Unidos, uma comunidade que é cada vez mais qualificada, em que o número de lusodescendentes a falar português também está a aumentar, e que se tem vindo a estabelecer em Estados menos tradicionais para a imigração portuguesa, como a Flórida, Texas, Geórgia, Pensilvânia, Carolina do Sul e Carolina do Norte.

As conclusões fazem parte de um estudo do perfil demográfico e socioeconómico da comunidade luso-americana nos Estados Unidos, desenvolvido, a pedido da FLAD, por um grupo de investigadores, liderado por Alda Botelho de Azevedo, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) dá hoje a conhecer o estudo ‘Imigrantes e Lusodescendentes nos EUA no Século XXI’, um levantamento do perfil demográfico e socioeconómico atual da comunidade luso-americana nos Estados Unidos, promovido pela FLAD e desenvolvido por um grupo de investigadores sob a coordenação de Alda Botelho de Azevedo, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Esta investigação, cujo resultado agora se publica, compreende os anos entre 2006 e 2020.

“Afirmamos com frequência que existe hoje uma comunidade portuguesa nos Estados Unidos com um novo perfil. Afirmamos também a importância da língua e como ela está muito presente nas novas gerações. Mas tal não estava, até agora, devidamente documentado com dados que não se cingissem apenas aos primeiros anos do século XXI. Com este estudo, abrem-se portas para o conhecimento cada vez mais profundo da comunidade luso-americana.” – Rita Faden, Presidente da FLAD

O modo como o país e as instituições, entre as quais a FLAD, se relacionam com a comunidade – e o modo como os membros dessa comunidade se relacionam entre si – depende não apenas da proximidade, mas também do conhecimento que temos do grupo como um todo e das especificidades do mesmo.

A aposta na realização deste estudo surge precisamente da necessidade de termos mais informação e conhecimento sobre a comunidade luso-americana, e assim – tanto para a FLAD como para outras instituições e grupos – ser possível desenvolver e promover iniciativas dirigidas, que fortaleçam a comunidade, incentivando o movimento associativo, a formação e a participação cívica e a sua representação política. Isto é crucial para a comunidade fazer ouvir a sua voz nos Estados Unidos e potenciar a ligação entre os dois países.

“Não podemos agir para e com a comunidade sem sabermos quantos são os seus membros, quem são, em que condições vivem e em que estados e cidades os encontramos.” – Rita Faden, Presidente da FLAD

Com este estudo, abrem-se portas para o conhecimento cada vez mais profundo desta população, maioritariamente constituída por lusodescendentes, falantes ou não da língua portuguesa, e, em menor medida, por imigrantes portugueses, com ou sem cidadania americana. Fica assim documentada a sua maior dispersão geográfica, as suas qualificações mais elevadas, assim como os setores de atividade em que se ocupam, o acesso que têm à saúde, as condições em que vivem, entre outros indicadores. Com este estudo, também se constata a importância de incentivar cada vez mais a população lusdescendente a identificar a sua origem portuguesa e aproximar-se desta herança.

Este relatório é produto do trabalho de seis investigadores, sob a coordenação de Alda Botelho de Azevedo, a quem a FLAD agradece o entusiasmo demonstrado desde o primeiro dia, bem como a dedicação com que desenvolveram o trabalho até à data da sua publicação.

Destaques:

  • Cerca de 1,3 milhões de pessoas com mais de 5 anos identificam-se como imigrantes e lusodescendentes nos Estados Unidos;
  • Língua portuguesa e a continuidade e aumento da identificação da origem portuguesa: o número de lusodescendentes que falam português está a crescer;
  • Da comunidade constituída por imigrantes e lusodescendentes, 22,49% fala português em casa, além do inglês;
  • Este grupo concentra-se sobretudo nos estados de Massachusetts, Califórnia, Flórida, Nova Jérsia e Rhode Island;
  • Tendência para maior dispersão geográfica dos descendentes de portugueses que falam português, que aparece associada a um crescimento do estabelecimento de residências em estados do Sul e Sudeste. Este grupo está a aumentar em Estados como a Flórida, o Texas, a Geórgia e Nova Iorque;
  • Entre 2016-2020, quatro em cada dez lusodescendentes que falam português têm o ensino superior;

O estudo pode ser consultado na íntegra aqui. Para aceder à brochura, com os principais resultados deste estudo, veja aqui.

Para mais informações, por favor contactar Leonor Barroso (FLAD) – Leonor.barroso@flad.pt ou Alda Botelho de Azevedo – alda.azevedo@ics.ulisboa.pt