‘Podemos ajudar estas pessoas que estão na rua’. É desta ideia simples, de ajudar aqueles que não têm acesso aos seus direitos mais básicos, sugerida pelo Dalai Lama, o líder espiritual do Tibete, durante a sua visita a Portugal em 2001, que nasce o CASA – Centro de Apoio ao Sem Abrigo.

Em Portugal, pelos menos 7.100 pessoas estão numa situação de sem-abrigo. Estes dados são relativos a 2019, e já espelhavam insuficiências numa realidade que é difícil retratar estatisticamente.

A pandemia só veio agravar esta situação. As famílias com menos recursos foram as que sentiram mais e mais cedo o impacto das restrições colocadas em prática para responder ao maior desafio de saúde pública dos tempos modernos. Com milhares de empregos destruídos e sem margem de segurança financeira para responder a uma emergência, o efeito fez-se sentir imediatamente.

 

Nuno Jardim, diretor do CASA – Centro de Apoio ao Sem Abrigo, diz que a situação é “assustadora” e que se nota na atuação da própria instituição. O apoio concreto de rua à população sem abrigo aumento 72%.  O apoio preventivo às famílias em risco aumentou 42%. Há mais pessoas nas ruas, pessoas mais novas, de ambientes e condições familiares que antes da pandemia eram estáveis.

“Muitas pessoas novas a vir buscar ajuda, normalmente pessoas na rua mais jovens, estrangeiros, famílias que estavam numa situação estável, mas perderam empregos. Emprego precário na hotelaria, restauração, táxis, uber…” – Nuno Jardim

O que já era uma resposta urgente e tão necessária antes da pandemia agravou-se substancialmente, mas ainda sem número para refletir esta realidade, a resposta é feita no terreno, por associações como o CASA.  E é por este trabalho incansável e pelas necessidades especialmente elevadas neste período que a FLAD entendeu apoiar este projeto.

Porque é preciso apoiar 365 dias por ano?

Quando o CASA surgiu, pretendia responder a uma necessidade imediata e urgente, de resposta diária e regular, 365 dias por ano. Ao fim de quase quinze anos de atividade, a associação conta agora com o apoio de 1.700 voluntários para dar corpo a esta missão, e tem centros em Albufeira, Cascais, Coimbra, Faro, Figueira da Foz, Lisboa, Madeira, Paredes, Porto e Setúbal. É a partir destes centros que são construídas as respostas que se efetivam no terreno.

O CASA tem dois níveis de resposta para responder a estas necessidades. Um deles reativo, de apoio a quem já está na rua, que são pessoas com problemas sociais já muito complexos, com problemas de saúde – física e mental –, ou dependências. E um nível preventivo, de apoio às famílias, para tentar garantir as suas necessidades básicas, como a alimentação, roupa e produtos de higiene.

É a solidariedade dos voluntários que permite distribuir refeições quentes à população sem-abrigo, e cabazes alimentares às famílias, assim como os restantes bens essenciais.

Numa segunda linha, com ajuda das equipas técnicas que têm à sua disposição, avaliar a necessidade de apoio no alojamento, de apoio médico – sejam questões físicas ou mentais –, tendo sempre como objetivo final, sempre que possível, a reintegração social no caso da população sem-abrigo.

Como ajudar?

No site do CASA – www.casa-apoioaosemabrigo.org – encontra toda a informação sobre como ajudar.

  • Voluntariado: a grande força do CASA é sua base de voluntários. São esses voluntários, alguns deles que ajudam esta associação há vários anos, que atuam diariamente na rua, distribuindo cabazes, cozinhando as refeições quentes. Há muitas formas de ajudar como voluntário.
  • Doar bens alimentares: a comida é, sem dúvida, a grande necessidade, juntamente com a roupa e os bens de higiene, tão necessários para apoiar esta faixa da população mais vulnerável.
  • Apoio financeiro: suportar uma estrutura desta dimensão, com centros de apoio em tantas cidades do país, exige sempre um esforço financeiro considerável. Fazer um donativo é muito simples e pode fazer toda a diferença.

Vamos ajudar?