O nosso convidado desta semana nas Atlantic Talks é Carlos Moedas, Engenheiro de formação, Político durante um dos períodos mais complicados da história recente do país e antigo Comissário Europeu.

Do Alentejo para Lisboa, com passagens por Boston e Bruxelas, a vida de Carlos Moedas tem sido feita de mudanças. Licenciou-se em Engenharia no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, mas de seguida enveredou pela Gestão, tirando um MBA na Universidade de Harvard, no Massachusetts.

Depois de trabalhar no Goldman Sachs e no Deutsche Bank, dedicou-se à política. Social-democrata, viria a ser Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho durante o resgate da Troika. Era ele que fazia a ligação entre o Governo Português e o grupo composto pelo Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.

O trabalho enquanto governante valeu-lhe a nomeação para Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, onde geriu um dos maiores envelopes financeiros alguma vez atribuídos até à data para esta área.

E é essa a grande paixão que demonstra. Pela Ciência, e pela Europa, nesta conversa com o Filipe Santos Costa.

“A Europa é aberta. Gostamos de abertura, gostamos de diversidade, gostamos de ter cientistas de todo o mundo e vamos ter sempre as nossas portas abertas. Não podemos mudar isso. Se mudamos isso, ficamos iguais aos outros, e isso não interessa à Europa.” – Carlos Moedas

A experiência nos Estados Unidos, e enquanto Comissário Europeu, deram-lhe a capacidade e o conhecimento para ver os pontos fortes e fracos da Europa. Mas o atual Administrador da Fundação Gulbenkian não teme quanto à posição da Europa no futuro da Ciência e da Inovação, apesar das parangonas nos jornais e revistas sobre o poderio norte-americano.

“Temos a Europa a liderar naquilo que é Ciência. E isso tem sido sempre verdade e acontece em áreas que hoje eu digo sempre serão aquelas do futuro [como a indústria ligada à energia renovável]”. – Carlos Moedas

Mas há mudanças que podem ser feitas para seguir o que de melhor se faz do outro lado do Atlântico e beneficiar o ensino na Europa. O futuro, diz, pode passar por maior flexibilidade na hora de compor os cursos superiores.

“O que nós já vemos nas universidades americanas, é que vão deixando de ter o que chamamos os cursos como eles eram feitos. Ou seja, as pessoas já não vão para um curso de uma determinada área. Já não vão ser engenheiros, vão construir o seu próprio curso.” – Carlos Moedas

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