Já está disponível o terceiro episódio do nosso podcast, Atlantic Talks. O convidado desta semana é a figura histórica do CDS-PP, e Ex-Vice-Primeiro-Ministro Português, Paulo Portas.

Começou como jornalista, foi líder do CDS-PP duas vezes e afastou-se da política ativa em 2016, depois de ter sido Ministro da Defesa no Governo liderado por Durão Barroso, e Ministro dos Negócios Estrangeiros e Vice-Primeiro-Ministro no Governo de Pedro Passos Coelho. Hoje, Paulo Portas é Consultor para empresas privadas, dá aulas em várias universidades espalhadas pelo mundo e tem um espaço habitual de comentário na TVI.

Em conversa com o jornalista Filipe Santos Costa, Paulo Portas fala sobre a situação atual na sociedade norte-americana e as relações com os aliados tradicionais.

Gostava de ver uma América que tivesse mais capacidade de compromisso interno entre os dois lados, os dois partidos – republicanos e os democratas –, que praticamente não se entendem sobre nada hoje em dia.” – Paulo Portas.

O antigo governante considera que a situação que se vive não começou em 2016, mas sim uma característica da sociedade norte-americana, que balança entre um orientação mais multilateral e o isolacionismo, e que no futuro voltará a mudar.

“Tenho bastante receio de um mundo que se transforme numa coleção de isolacionismos, embora saiba que o isolacionismo é um dos pólos da tradição americana, não nasceu em 2016. Os americanos têm muitas vezes uma tensão entre o que é o unilateral e o multilateral, e podem passar de um extremo ao outro. Isso é cíclico e voltará ao seu lugar. Mas o custo que tem o unilateralismo americano, a mim, impressiona-me.” – Paulo Portas.

Já sobre o impacto deste isolacionismo na ordem mundial, Paulo Portas alerta para como, e mais importante quem, o irá ocupar, como se tem visto com o papel de maior destaque que a China está a desempenhar, e a reclamar.

“Em globalização não há espaços vazios. Quem se retira vê o seu lugar ocupado por terceiros. Não é coerente uma estratégia de contenção da China que não passe pelos aliados asiáticos e vizinhos da China que estão mais próximos do Ocidente.” – Paulo Portas.

A conversa passou ainda pelo impacto que a digitalização, e em particular as redes sociais, estão a ter no espectro político, e como a Europa está longe de estar imune aos movimentos populistas, tanto da esquerda como da direita.

“Há uma tribalização e um registo muito faccioso, que é muito polarizado pelas redes sociais. Não é pelas redes sociais, é pelo predomínio de vanguardas nas redes sociais que puxam pelo que é radical, puxam pelo que é conflitual, puxam pelo que é insultuoso. Nenhuma sociedade que é líder do mundo ocidental pode viver diariamente assim muitos anos.” – Paulo Portas

Para ouvir este episódio basta selecionar um dos seguintes links ou procurar onde tradicional ouve os seus podcasts.