Labirinto – Conversas sobre Saúde Mental é um projeto que resulta de uma parceria entra a FLAD e o jornal Observador, onde procuramos lançar luz sobre as questões de Saúde Mental através de uma série de entrevistas que trarão histórias e relatos profundos de várias figuras públicas portuguesas sobre estas questões, na primeira pessoa.

Estava sentado à mesa de Natal quando começou aquela que seria a maior das suas crises — ou a maior das suas “pancadas”, como lhes chama. Filho de família alentejana, tinha à frente um prato de mioleira de borrego, com pão, sal e pimenta, que os tios tinham trazido, como era tradição, quando lhe surgiu uma questão simples: “E se existe a doença das vacas loucas nos borregos e tu não sabes?”.

O humorista António Raminhos diz que o “e se” é a porta de entrada para todas as suas obsessões — mesmo que não façam “nenhum sentido” — e ali não foi diferente. Ficou imediatamente maldisposto e incapaz de comer o que fosse. Ainda pôs a questão a uma prima veterinária que também ali estava — meio a sério, meio a brincar —, mas já nem a resposta de uma especialista o descansou. Foi para casa, vomitou, esteve dois dias sem dormir e acabou agarrado ao Google, a pesquisar os sintomas que o perseguiam desde quando andava ainda na escola primária.

Tinha 26 anos e o que encontrou na internet surpreendeu-o tanto quanto o tranquilizou: afinal, não estava sozinho. Em todo o mundo havia milhares de histórias iguais à sua. Dali ao diagnóstico foi um passo: tinha transtorno obsessivo-compulsivo. Nesta entrevista, o humorista fala de como “a doença da dúvida” chegou a fazer com que quase não saísse de casa, com medo de ser contaminado com alguma doença, e das crises que foi ultrapassando — que podiam ir desde a lavagem compulsiva das mãos ao medo de atropelar alguém sem perceber ou à incerteza sobre a sua própria orientação sexual.

 

 

A todos os que aceitaram partilhar a sua história, o nosso mais sincero obrigado.

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