A primeira sessão do ciclo de conferências “Democracy: The Way Ahead” teve John Ikenberry como convidado. O professor na Universidade de Princeton esteve à conversa com Carlos Gaspar, investigador no IPRI – NOVA, e com o público sobre o futuro da democracia liberal.
No dia 19 de janeiro, perante um auditório cheio e atento, John Ikenberry trouxe-nos a sua visão sobre o estado atual da “ordem e desordem no mundo”. O professor na Universidade de Princeton relembrou alguns momentos-chave da história da democracia, que considera ser uma tradição de 250 anos feita de “eras douradas e crises”. Baseando-se na expressão de Woodrow Wilson, aquando da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial – “to make the world safe for democracy” (1917) -, Ikenberry sublinhou a importância da cooperação entre as democracias liberais para um caminho de defesa de valores, capacidades e interesses comuns.
O investigador referiu ainda que, apesar das crises, há um conjunto de sucessos assinaláveis do internacionalismo liberal que permitiram a ascensão de um sistema fundado em regras e instituições, como a NATO, no domínio da segurança, e o sistema Breton Woods ou a WTO, no domínio económico. Ikenberry recordou alguns destes sucessos, como a abertura da economia mundial no pós-Segunda Guerra Mundial; a integração da Alemanha e do Japão, derrotados da guerra, no sistema; a cooperação francesa e alemã no lançamento do projeto europeu; a criação de instituições pelas principais economias do mundo – o G7 – para gerirem a interdependência económica; e a abertura do sistema aos países não Ocidentais em transição para a democracia.
Veja ou reveja a sessão aqui:
A atual situação na Ucrânia foi também um tema incontornável na sessão. John Ikenberry considerou que esta guerra é determinante para aquilo que será a ordem internacional no futuro, justificando que o conflito representa uma competição da ordem global, na qual existem diferentes agentes – liberais e iliberais -, com modelos alternativos, a querer dominar. O académico salientou ainda a relevância das emoções humanas que, apesar de muitas vezes caírem no esquecimento, são a fonte de inspiração que nos revela a coragem dos que põem as suas vidas em risco em nome de um ideal.
Influenciado pelo livro Desolation And Enlightenment (2003), de Ira Katznelson, Ikenberry terminou a conversa com um sinal de esperança. Ainda que sejam tempos difíceis, com muitos desafios impostos à democracia liberal, a resiliência deve imperar e deve ser feito um esforço no sentido de preservar o Estado de Direito e o multilateralismo. Para manter este sistema, e um “mundo seguro para a democracia”, temos de procurar integrar aqueles que permanecem de fora e, talvez assim, “poderemos ver uma réstia de esperança para o século XXI”.
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