Já está disponível o quinto episódio do nosso podcast, Atlantic Talks. O convidado desta semana é Arlindo Oliveira, Professor Catedrático no Instituto Superior Técnico, do qual foi presidente, e especialista em áreas como algoritmos e complexidade, e Machine Learning. É autor de vários livros e de mais de uma centena de artigos científicos nestas áreas.

O interesse pelos computadores começou ainda nos anos 80. Como alguns jovens da época, tinha um ZX Spectrum – uma raridade, obsoleta nos tempos que correm -, quando ingressou no Instituto Superior Técnico para se licenciar em Engenharia Eletrónica e de Computadores.

Em 1984, já enviava emails, outra raridade nos tempos que corriam. Dez anos mais tarde, completaria o doutoramento em Engenharia Informática e de Computadores pela Universidade de Califórnia em Berkeley.

Neste episódio das Atlantic Talks, Arlindo Oliveira confessa-se fã de ficção cientifica, mas também admite que a realidade tem vindo a ultrapassar os clássicos da ficção, e acredita que isso irá continuar a acontecer.

“Nos filmes de ficção científica, como o ‘2001: Odisseia no Espaço’ e outros bons filmes, a maior parte destas inovações não estava lá [como os telemóveis e a internet no bolso de cada um]. Estas tecnologias têm todas apanhado muito de surpresa as pessoas e os investigadores. Estou convencido que nas próximas décadas, o que quer que sejam estas tecnologias, continuarão a apanhar de surpresa.” – Arlindo Oliveira

Sobre a inteligência artificial, explica que que é improvável que o ser humano venha a conhecer como funciona o cérebro por completo. Mas sobre a capacidade do ser humano de criar uma inteligência – ainda que funcione de forma diferente da do cérebro humano -, diz, é muito mais provável. Em Portugal, explicou, este estudo já se faz há várias décadas.

Sobre a privacidade dos dados, outro tema que acompanha de perto, Arlindo Oliveira acredita que a abordagem mais conservadora do lado europeu limita o progresso na área e vai acabar por esbarrar contra a realidade, quando uma crise mais profunda exigir a utilização de outras tecnologias. E que a expetativa dos consumidores de manterem a privacidade dos seus dados, quando usam motores de busca como o Google, é uma miragem.

 “A privacidade dos dados é uma miragem. Qualquer pessoa que ache que pode ter privacidade na situação atual, que acha que os seus dados estão devidamente protegidos, quando vai à internet e ao Google todos os dias, quando usa o Gmail, que os emails são todos lidos pelas máquinas da Google…” – Arlindo Oliveira

Quanto ao futuro, mais do que um mundo tomado por uma inteligência artificial – como no célebre Exterminador Implacável de Arnold Schwarzenegger -, teme o impacto social e nos rendimentos dos avanços destas tecnologias. É preciso começar a pensar em soluções já, defende.

“Se realmente tivermos sistemas de inteligência artificial cada vez mais capazes, as grandes empresas vão conseguir fazer cada vez mais, com cada vez menos pessoas. (…) Tem de haver uma resposta social. Temos de pensar em maneiras de distribuir os rendimentos. Não sei se é o rendimento básico incondicional, se são impostos definidos de outra maneira, se é taxar os robots como alguém já sugeriu, mas acho que a sociedade tem aqui, de facto, de combater ativamente esta concentração de rendimentos.” – Arlindo Oliveira.

Para ouvir este episódio basta selecionar um dos seguintes links ou procurar onde habitualmente ouve os seus podcasts.