Alexandra Mendes, Professora Auxiliar da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e Jan Stockbruegger, Postdoctoral Research Fellow do Departamento de Ciência Política da Universidade de Copenhaga, são os vencedores da terceira edição do Atlantic Security Award. Cada investigador receberá 15 mil euros para desenvolver o seu projeto de investigação.

O Atlantic Security Award é uma iniciativa resultado da parceria entre a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), o Centro do Atlântico e o Instituto da Defesa Nacional (IDN). Este é o terceiro ano de atribuição do prémio, que permitirá aos selecionados desenvolverem os seus projetos durante um período de oito meses ao longo do ano de 2024.

Projetos vencedores

Alexandra Mendes é Professora Auxiliar da Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, e irá desenvolver o projeto “Leveraging Large Language Models Trained on Dark Web Data to Support Decision Making for Atlantic Security and Defense”.

Este projeto prevê o desenvolvimento de um protótipo de uma ferramenta de software que pretende fazer uso de um Large Language Model (LLM – grande modelo de linguagem) ‘treinado’ com recurso a bases de dados de grande dimensão com dados da dark web, e de políticas relevantes para o Atlântico. O objetivo passa por ter um modelo que facilite a formulação de políticas, estratégias e políticas de defesa, e operações das forças de segurança contra o cibercrime, comércio ilícito, e outras ameaças facilitadas pela dark web no Atlântico.

“[O prémio] irá permitir a colaboração com vários intervenientes, tais como a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), o Centro do Atlântico e o Instituto da Defesa Nacional (IDN), no desenvolvimento de um protótipo que utiliza um Grande Modelo de Linguagem (LLM), treinado ou ajustado finamente (fine-tuned) em dados da dark web, e que visa suportar decisões na elaboração de políticas e estratégias de defesa, bem como na aplicação da lei na segurança da região do Atlântico.” – Alexandra Mendes.

A Professora Auxiliar da Universidade do Porto diz ainda que o prémio é um “marco importante” na sua carreira, que vê como um reconhecimento do seu percurso profissional e o valor da sua proposta de investigação.

Jan Stockbruegger é Postdoctoral Research Fellow do Departamento de Ciência Política da Universidade de Copenhaga, e venceu o prémio com o projeto “The Environmental and Supply Chain Threat of the Global Shadow Fleet: A Risk Assessment for the Atlantic.”

Este projeto irá investigar o crescimento do que é conhecido como a ‘frota sombra’, ou seja, os navios utilizados para tentar contornar as sanções impostas por violações do direito internacional. São os casos da Venezuela, Irão, Coreia do Norte e da Rússia, cuja ‘dark fleet’ tem sido de forma recorrente apontada como uma das principais formas que tem utilizado para, com sucesso, contornar as sanções impostas à compra de petróleo russo, com resultado da invasão russa da Ucrânia.

Estes são geralmente navios de idade mais avançada e que, por não estarem a cumprir a lei internacional, em caso de acidente, os seguros contratados não são válidos. Isto coloca os países cujos mares são navegados por estes navios em risco mais elevado de sofrer um potencial desastre ambiental, para o qual podem não receber qualquer compensação ou apuramento de responsabilidades.

“Os navios ‘sombra’ ajudam a Rússia, Venezuela e outros países a escaparem ao cumprimento das sanções contra as suas exportações de petróleo, mas são também um grande risco de segurança e uma ameaça ambiental. Estes são navios envelhecidos e em más condições, que, geralmente, não cumprem com as regras de segurança marítima e não dispõem de seguros adequados contra os derrames de petróleo. Estes navios ‘sombra’ já provocaram acidentes com vítimas mortais e derrames de petróleo” – Jan Stockbruegger

O Postdoctoral Research Fellow do Departamento de Ciência Política da Universidade de Copenhaga explicou ainda que o prémio irá permitir-lhe fazer uma avaliação dos riscos desta frota fantasma na região do Atlântico e desenvolver recomendações para a implementação de políticas tendo em vista o reforço da cooperação de segurança marítima na região do Atlântico.

Sobre o prémio

A atual conjuntura internacional demonstra o quão importante é promover a investigação científica de qualidade que permita sustentar boas políticas de segurança e defesa no espaço do Atlântico. Este objetivo torna a aposta feita pela FLAD ainda mais evidente, tendo em conta a importância do arquipélago dos Açores, enquanto plataforma essencial para a segurança no Atlântico, e do seu potencial ainda por explorar, e faz do Centro do Atlântico e do Instituto da Defesa Nacional parceiros naturais.

O Atlantic Security Award está agora na sua terceira edição, apoiando mais dois investigadores na área da Segurança e Defesa no Atlântico. Os projetos selecionados serão desenvolvidos durante um período de oito meses ao longo do ano de 2024, e são selecionados também pela sua capacidade para contribuir para o progresso no conhecimento em temas relacionados com desafios atuais no âmbito da Segurança e Defesa no espaço atlântico.

Os candidatos a este prémio têm de ter concluído o doutoramento, ou grau equivalente, há não mais de 10 anos e apresentar provas de investigação independente de qualidade.

Os selecionados foram escolhidos pelo júri composto por:

  • Ana Santos Pinto, Professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa;
  • Luís Miguel Escudeiro da Costa Cabral, Atlantic Centre;
  • Maria Francisca Saraiva, investigadora residente do Instituto de Defesa Nacional.