Cinema Independente Americano

O Outsiders – Ciclo de Cinema Independente Americano está de volta para a sua segunda edição em Lisboa. De 7 a 12 de março, a FLAD apresenta no Cinema São Jorge uma seleção de 10 filmes de realizadores independentes nunca antes exibidos em Portugal e com um relevante percurso nos mais prestigiados festivais de cinema do mundo, muitos deles premiados.
Nesta edição, revisitamos os “filmes de género”: melodrama, ficção científica, terror, western, film noir, bio-pic… de tudo isto e muito mais se faz o Outsiders 2023!

Programação


Sessão de abertura7/03 Ter
21h30
Azazel Jacobs, 2017, 97'

8/03 Qua
19h00
Shane Carruth, 2013, 96'

8/03 Qua
21h30
Josephine Decker, 2018, 93'

9/03 Qui
19h00
Greg Kwedar, 2016, 86'

9/03 Qui
21h30
Larry Fessenden, 2019, 114'

10/03 Sex
19h00
Jack Fessenden, 2021, 95'

10/03 Sex
21h30
Ti West, 2016, 104'

11/03 Sáb
19h00
Trey Edward Shults, 2015, 83'

11/03 Sáb
21h30
Aaron Katz, 2017, 93'

Sessão de encerramento12/03 Dom
19h00
Madeleine Olnek 2018, 84'

Masterclass

How I Made Two Feature Films by Age 21

Faculdade de Belas-Artes da Universidade Lisboa8 março, quarta-feira, 17h, Grande Auditório

Pouco mais do que teenager, Jack Fessenden tem já no seu currículo duas longas-metragens escritas, realizadas e estreadas (nas quais vestiu também as camisolas de compositor, montador e produtor). O carimbo biológico — que assume com orgulho — de quem é filho de Larry Fessenden (um dos gurus nova-iorquinos dos filmes de terror independentes) de nada serviria sem uma forte contribuição pessoal (leia-se talento).

 

Escolhido como um dos “11 grandes cineastas indie de 30 ou menos anos que tu precisas de conhecer” (Indiewire, 2017), Jack Fessenden frequentou assiduamente os estúdios do pai durante a infância e adolescência e a sua curiosidade permitiu-lhe uma aprendizagem prática das diversas etapas da produção de um filme. Fez várias curtas-metragens antes de se estrear, aos 17 anos, no formato longo com Stray Bullets, sobre o qual Chris O’Falt, na mesma Indiewire, disse que o mais impressionante não era apenas a segurança e economia com que o jovem cineasta lidava com a coreografia da violência, mas como encontrava subtileza e profundidade nos momentos mais calmos do filme. Mais ambicioso, Foxhole, a sua obra seguinte, insere-se na longa tradição do filme humanista antibélico, conseguindo atingir “uma beleza quase abstrata” (Josh Siegel, MoMA). Fessenden faz novamente uma utilização muito habilidosa dos escassos recursos à sua disposição, privilegiando a interação e escolhas morais de um pequeno grupo de soldados em três momentos de guerra da história dos Estados Unidos.

“Este miúdo vai longe”, afirmou Meira Blaustein, cofundadora do Festival de Cinema de Woodstock. Já está a caminho, diríamos nós.

Jack Fessenden
JackFessenden

Os Filmes

THE LOVERS
Ficção, 2017, 97′


UPSTREAM COLOR
Ficção, 2013, 96′


MADELINE’S MADELINE
Ficção, 2018, 93′


TRANSPECOS
Ficção, 2016, 86′


DEPRAVED
Ficção, 2019, 114′


FOXHOLE
Ficção, 2021, 95′


IN A VALLEY OF VIOLENCE
Ficção, 2016, 104′


KRISHA
Ficção, 2015, 83′


GEMINI
Ficção, 2017, 93′


WILD NIGHTS WITH EMILY
Ficção, 2018, 84′


"Queremos continuar a dar a conhecer a vaga de filmes independentes americanos que permanecem inéditos nas nossas salas e, de caminho, mostrar um retrato possível da América contemporânea. Desta vez, sob o filtro dos "filmes de género".

Por Carlos Nogueira, Programador

Um melodrama, um filme de ficção científica, um western, um film noir, um filme de terror, de tudo isto se compõe a segunda edição do Outsiders. De tudo isto e de mais alguns… géneros cinematográficos.

O termo “género”, quando aplicado ao cinema clássico americano, tem um significado muito específico. Musicais, filmes de gangsters, bio-pics ou filmes históricos, westerns e screwball comedies foram algumas das categorias em que se inseriam os filmes produzidos em Hollywood. Muitas delas provinham da literatura ou de outras artes, tendo mesmo de se recuar à Grécia clássica para a origem de umas quantas.

Os estúdios, desde muito cedo, perceberam que a codificação dos estilos e dos conteúdos das histórias permitia o reconhecimento imediato por parte do público, que, assim, sabia de antemão o que ia ver, mesmo antes de comprar o bilhete. É preciso não esquecer que foi o negócio da exibição que criou os estúdios de produção para “alimentar” as salas. Esses filmes eram um complemento utilíssimo dos filmes artísticos ou de prestígio, frequentemente inclassificáveis ou que entravam em categorias tão genéricas (drama, comédia, …) que não facilitavam às massas o reconhecimento do objeto que iam ver. A comédia burlesca e o melodrama surgem já durante o cinema mudo, mas é com o sonoro, a partir do final dos anos 20, que grande parte dos géneros se codifica. São muitos os estúdios, os realizadores, os argumentistas e os atores que se especializam num determinado género, que acaba por lhes ficar colado à pele e do qual era difícil libertarem-se.

Ao longo das décadas de 50 e 60, o fim da era dos estúdios não trouxe o fim dos géneros, mas facilitou a liberalização dos códigos, que eram em geral bastante rígidos, e permitiu a proliferação das categorias híbridas. Alguns dos géneros que fizeram a glória da época clássica do cinema americano foram-se extinguindo, pelo menos na sua forma “pura”, o que se pode atribuir a variadas causas, desde a mudanças de costumes até ao desaparecimento da máquina industrial, que possuía um aperfeiçoadíssimo know-how.

Volta meia-volta surgem homenagens, recriações ou remakes e, dependendo do sucesso, pode surgir um pequeno foco nostálgico, geralmente de curta duração, pois a linha de montagem já não existe, o que encarece enormemente a produção, ou simplesmente porque os tempos e os gostos mudaram. Alguns géneros tiveram uma vida para além da morte ou nunca chegaram verdadeiramente a desaparecer (a ficção científica, o terror) na medida em que os seus cultores souberam utilizar com inteligência e sentido da oportunidade o ancestral gosto do público pelo mistério e pelo oculto.

E, contudo, o cinema independente tem utilizado, mais ou menos discretamente, essas categorias e os seus códigos para, nos seus próprios termos e com os seus próprios métodos, falar dos temas que preocupam as novas gerações. Na nossa seleção para o Outsiders II, procurámos testemunhos de como os cineastas surgidos após o milénio retrabalham os géneros da época clássica de Hollywood.

Madeline’s Madeline, de Josephine Decker, que trata as relações entre a saúde mental e as artes do palco, não teria a força que tem sem as referências ao musical. Em Depraved, Larry Fessenden reinventa em Brooklyn o mito de Frankenstein: referência às manipulações do corpo e seus potenciais perigos? Os códigos do film noir são utilizados com justeza por Aaron Katz na sua reflexão sobre Hollywood e o sucesso em Gemini. Ecos da violência da sociedade contemporânea ressoam nas frequentes explosões de violência do western In a Valley of Violence. O ambiente concentracionário das trincheiras põe em evidência a importância da solidariedade, tocando simultaneamente na ferida do preconceito racial, na curiosa versão contemporânea do filme de guerra Foxhole. Os perigos das experiências científicas e como se prestam a manipulações fraudulentas constituem o ponto de partida do belíssimo e misterioso filme de ficção científica, Upstream Color.

O melodrama familiar é renovado por Trey Edward Shults com o regresso por um dia de Krisha ao seio familiar após um longo afastamento decorrente de problemas de adição e da sua instabilidade mental. Sendo tecnicamente um filme de época, Wild Nights with Emily tem uma abordagem iconoclasta do bio-pic, aflorando com humor questões relacionadas com a sexualidade da escritora Emily Dickinson. O tráfico de drogas há muito que tinha substituído a lei seca como centro da atividade dos gangsters nos filmes que fizeram a glória de James Cagney e Edward G. Robinson; Transpecos desloca-o para as terras de ninguém fronteiriças e entrelaça-o com outros tráficos, que se aproveitam do drama humano da imigração clandestina. Um dos subgéneros mais característicos e divertidos durante os anos 30 e 40 — a comédia do recasamento — derivava da comédia sofisticada e incidia na reunião do par central após um divórcio ou uma separação. Em The Lovers, Azazel Jacobs tem o golpe de génio de pôr Debra Winger num papel que outrora caberia a Katharine Hepburn, Claudette Colbert ou Barbara Stanwyck, para, ao mesmo tempo, refletir sobre feminismo, liberdade e interdependência.

Queremos continuar a dar a conhecer a vaga de filmes independentes americanos que permanecem inéditos nas nossas salas e, de caminho, mostrar um retrato possível da América contemporânea. Desta vez, sob o filtro dos “filmes de género”.

Carlos Nogueira, programador

Informações Úteis

Cinema São Jorge
Avenida da Liberdade, nº175
1250-141 Lisboa

Bilhetes
4,50 €
Com desconto – 4,00€*
* (menores de 25 anos, maiores de 65 anos)

Como chegar?

Metro
Linha Azul | Estação: Avenida

Autocarros 
709, 711, 732, 736

Contactos

Imprensa:
Paris, Texas — Rita Bonifácio – ritaparistexas@gmail.com

Outras informações:
media@flad.pt

Sessões para M/14

  • Filmes legendados em português
  • Programa sujeito a alterações
  • Os lugares não são marcados

Ficha Técnica

Programador

Carlos Nogueira

Coordenação de Produção

João Romãozinho

Produção

Clélia Luiz, Filipa da Rocha Nunes, Rui Vallêra

Coordenação de Comunicação

Liliana Valpaços, Rita Bonifácio

Comunicação

Inês Braizinha, Nuno Martins, Constança Diogo

Assessoria de Imprensa

Paris, Texas (Rita Bonifácio)

Identidade Gráfica

atelier-do-ver

Design de Comunicação, Web Design e Video 

WSA Creative Agency, Pedro Fernandes

Tradução

Elsa Vieira

Fotografia 

Joana Linda

Spot vídeo 
Giuliane Maciel

Agradecimentos 

António Pinto Ribeiro

FLAD

 

Órgãos Sociais da FLAD | Conselho de Curadores

Bernardo Pires de Lima
Maria Teresa Ferreira Soares Mendes
Ana Isabel dos Santos Figueiredo Pinto
Maria Gabriela da Silveira Ferreira Canavilhas
Mário Nuno dos Santos Ferreira
Jack (Joaquim) M. Martins

Conselho de Administração

Rita Faden da Silva Moreira Araújo, Presidente
Elsa Maria Pires Henriques
Michael Alvin Baum Jr.
Vítor Ângelo Mendes da Costa Martins
Rodrigo Vasconcelos de Oliveira

Conselho Executivo 

Rita Faden da Silva Moreira Araújo, Presidente
Elsa Maria Pires Henriques
Michael Alvin Baum Jr.

CINEMA SÃO JORGE

 

Diretora

Marina Sousa Uva

Adjunta Direção 

Inês Freire

Coordenação técnica 

Fernando Caldeira

Adjunto de coordenação técnica 

Diogo Viana

Projecionistas 

Carlos Souto

Jorge Silva

Técnicos de espetáculo 

Carlos Rocha

Pedro Moreira

Comunicação 

Francisco Barbosa

Pedro Vieira

Coordenação Frente de Casa 

Diana Liberal Guedes

Técnica Administrativa 

Catarina Bernardo

Técnicas Bilheteira 

Carina Rodrigues

Carolina Liberal

Mariana Guimarães

Soraia Souto

Olena Pikho

Manutenção 

Mário Silva

Programador

Carlos Nogueira

Coordenação de Produção

Vítor Alves Brotas | Agência 25

Produção

Clélia Luiz, Filipa da Rocha Nunes, Rui Vallêra

Coordenação de Comunicação

Inês Lampreia, Liliana Valpaços

Comunicação

Inês Braizinha, Mariana Nunes, Nuno Martins

Assessoria de Imprensa

Helena César

Identidade Gráfica

atelier-do-ver

Design de Comunicação, Web Design e Video 

WSA Creative Agency

Tradução

Elsa Vieira

Fotografia 

Joana Linda

Agradecimentos 

António Pinto Ribeiro

CINEMA SÃO JORGE

 

Diretora

Marina Sousa Uva

Adjunta Direção 

Inês Freire

Coordenação técnica 

Fernando Caldeira

Adjunto de coordenação técnica 

Diogo Viana

Projecionistas 

Carlos Souto

Jorge Silva

Técnicos de espetáculo 

Carlos Rocha

Pedro Moreira

Comunicação 

Francisco Barbosa

Pedro Vieira

Coordenação Frente de Casa 

Diana Liberal Guedes

Técnica Administrativa 

Catarina Bernardo

Técnicas Bilheteira 

Carina Rodrigues

Carolina Liberal

Mariana Guimarães

Soraia Souto

Manutenção 

Mário Silva

Um coprodução

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