O júri considerou que o projeto do investigador da Universidade do Porto “vai mudar a nossa perceção global do Atlântico”. Instalação de mais de 2000 sensores em 85 praias rochosas em todo o Atlântico Norte cria a maior rede do mundo para medir temperatura do mar e biodiversidade.

A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento tem o prazer de anunciar que o vencedor da 1.ª edição do FLAD Science Award Atlantic é Rui Seabra, investigador do CIBIO-InBIO da Universidade do Porto. O júri acredita que o projeto “vai mudar a nossa perceção global do Atlântico”. Rui Seabra vai receber 300 mil euros de financiamento em três anos, para estudar o impacto das alterações climáticas na biodiversidade costeira do Atlântico Norte.

Num processo com candidaturas excelentes, que segundo o júri revelam a qualidade dos investigadores portugueses, a escolha recaiu sobre o projeto CCTBON – North Atlantic Coupled Coastal Temperature and Biodiversity Observation Network, de Rui Seabra.

O projeto envolve a instalação de mais de 2000 sensores em 85 praias rochosas em todo o Atlântico Norte – desde a Guiné-Bissau à Noruega e do Equador ao Ártico, com Portugal Continental e os Açores, que assumem um destaque especial. Será assim constituída uma rede de recolha de dados de temperatura do mar e biodiversidade, que será a maior do tipo em todo o mundo.

“Para além do reconhecimento da qualidade da atividade científica do investigador Rui Seabra, o prémio permitirá melhorar o conhecimento sobre a influência das alterações climáticas nos ecossistemas das zonas costeiras de maré. E, não menos importante, o prémio vai permitir que Portugal possa liderar a colaboração entre um significativo número de investigadores que, em diferentes regiões Atlânticas (continentais e insulares), desenvolvem trabalhos em prol da sustentabilidade oceânica”. – Elsa Henriques, administradora da FLAD.

A tecnologia desenvolvida vai permitir aceder aos dados recolhidos pela rede de sensores de forma simples, recorrendo a tecnologia contactless. Os sensores terão uma vida útil superior a 10 anos, uma inovação substancial face à tecnologia existente.

“É um projeto que olha para as zonas costeira ao longo de todo o Atlântico Norte, que são zonas particularmente afetadas pela mudança climática, numa perspetiva de bacia. É ambicioso, é interessante, é exigente, e é do ponto de vista organizativo muito complexo de fazer. Mas acreditamos que vai ser uma das iniciativas que vai mudar a nossa perceção global do Atlântico”. – Miguel Miranda, membro do júri, Professor Catedrático na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e presidente do IPMA.

Estes sensores vão medir a temperatura da água junto à costa do Atlântico Norte com um grau de precisão que a tecnologia via satélite atualmente não tem, permitindo aos investigadores compreender o impacto das alterações climáticas na biodiversidade marinha.

Os resultados do projeto serão importantes para definir estratégias para preservar a fauna e a flora nesta região. (…) Queria deixar uma palavra de apreço a todos os outros candidatos que apresentaram excelentes propostas, o que de facto demonstra a elevada qualidade da investigação científica que é feita pelos jovens investigadores portugueses.” – Pedro Camanho, membro do júri e Professor Catedrático na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

O projeto vai ser desenvolvido em parceira com os investigadores Brian Helmuth, da Northeastern University de Boston, David S. Wethey da University of South Carolina e Enrique Montes, da University of South Florida.

Sobre o prémio

O estudo do Atlântico é fundamental para compreender áreas muito diversas e multidisciplinares com impacto na sustentabilidade do planeta e na nossa qualidade vida, desde a interação entre os oceanos, a atmosfera e o espaço, às alterações climáticas, fenómenos naturais e sustentabilidade.

O objetivo da FLAD passa por estimular o desenvolvimento de tecnologia e promover a nova geração de cientistas portugueses. Este prémio tem um grande foco na obtenção de resultados práticos, como a criação de engenharia e tecnologias, que facilitem a nossa compreensão e exploração dos ecossistemas atlânticos.

Para além disso, a FLAD pretende conceder apoio e distinguir investigadores em início de carreira, promovendo assim a nova e promissora geração de investigadores a residir em Portugal, sempre com um elo de colaboração próximo com os principais grupos de investigação nos EUA.

Júri

A avaliação das candidaturas foi feita por um júri de excelência composto por três elementos. O comité científico, que integra esse mesmo júri, é constituído por: