Pedro Morgado, psiquiatra e investigador da Universidade do Minho, é o vencedor da 1ª edição do FLAD Science Award Mental Health da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). O investigador irá receber 300 mil euros, o maior prémio na área da Saúde Mental em Portugal, para desenvolver um projeto inovador para melhorar o diagnóstico, a predição no tratamento e a eficácia do mesmo na doença obsessivo-compulsiva.

O FLAD Science Award Mental Health é um apoio inédito a jovens investigadores em Portugal para que desenvolvam novas linhas de investigação clínica em Saúde Mental, desde a prevenção até ao tratamento e à reabilitação. O objetivo da FLAD é contribuir para a qualidade de vida das pessoas que sofrem de perturbações mentais, numa época em que as necessidades em torno da Saúde Mental são ainda mais evidentes.

Nesse sentido, este será um prémio anual, financiando jovens investigadores com projetos de mérito em colaboração com centros de investigação nos Estados Unidos, num total de 300 mil euros ao longo de 3 anos. A iniciativa tem o reconhecimento da Ministra da Saúde, Marta Temido, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Pedro Morgado é investigador no ICVS da Escola de Medicina da Universidade do Minho e psiquiatra no Hospital de Braga. O projeto vencedor – A new hope for resistant Obsessive-Compulsive Disorder – innovative strategies for outcome prediction and treatment – terá duas componentes:

  • A recolha de imagens cerebrais de doentes com doença obsessivo-compulsiva, com recurso à ressonância magnética funcional, para uma avaliação inicial e para aferir o impacto do tratamento além do reportado pelo paciente e, assim, tentar encontrar vias para um melhor diagnóstico e maior eficácia no tratamento.
  • Na segunda parte, o investigador realizará um ensaio clínico para a utilização de um medicamento atualmente disponível para doentes de Parkinson em pessoas com a doença obsessivo-compulsiva. Este é um medicamento que contribui para a reposição da dopamina em zonas do cérebro onde existam esses défices, o que poderá oferecer uma nova via de tratamento para as pessoas que sofrem desta condição.

A realização de um ensaio clínico para uma nova utilização de um fármaco é algo raro em Portugal, mais ainda no caso desta doença, algo que se torna especialmente importante dado que aproximadamente 50% dos pacientes com doença obsessivo-compulsiva têm resistência aos tratamentos de primeira linha (antidepressivos e psicoterapia).

Num processo com candidaturas de alta qualidade, que segundo o júri revelam a qualidade dos investigadores portugueses, Pedro Morgado foi escolhido de forma unânime.

“As doenças e perturbações mentais são cada vez mais comuns e incapacitantes. Instituindo um prémio de investigação clínica na área da Saúde Mental, a FLAD pretende apoiar jovens investigadores que, desvendando a complexidade de múltiplas influências genéticas, sociais e ambientais, se proponham desenvolver e validar estratégias mais eficazes de prevenção, soluções terapêuticas e abordagens de reabilitação. Nesta edição, o projeto vencedor tem como objetivo caracterizar a função e a estrutura do cérebro no transtorno obsessivo compulsivo, de forma a melhor predizer a eficácia de diferentes tratamentos.” – Elsa Henriques, administradora executiva da FLAD.

Os membros do júri destacam não apenas a qualidade do projeto, mas também a ambição e foco em problemas concretos que afetam as pessoas com doença mental.

“O projeto vencedor tem não só uma qualidade científica sólida, como também um elevado potencial para o desenvolvimento sustentado de uma equipa de investigação focada em problemas concretos das pessoas com doença mental.” – Miguel Xavier, Diretor do Programa Nacional de Saúde Mental (DGS)

“Este é um projeto ambicioso, muito bem planeado, que irá contribuir para um avanço no conhecimento da doença obsessiva-compulsiva e abre novas perspetivas no seu tratamento. A colaboração com o grupo de investigação nos EUA contribuirá para a internacionalização de um promissor jovem clínico, permitindo-lhe reforçar o seu grupo de investigação. Preenche assim cabalmente os objetivos deste prémio e contribuirá para o progresso da investigação clínica na área das doenças mentais a nível nacional.” – Catarina Resende de Oliveira, Presidente da Agência para a Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB)

“A FLAD escolheu um tremendo vencedor para o Prémio de Saúde Mental, de entre um leque de candidatos de prestígio. O Dr. Pedro Morgado irá liderar a sua equipa de investigadores da Universidade do Minho para estudar estratégias para o tratamento da resistente Doença Obsessivo-Compulsiva. Esta doença tem um impacto devastador na vida das pessoas e tem sido historicamente difícil de tratar. O prémio significa um caminho promissor para entender esta doença de forma mais compreensiva e ajudar as muitas pessoas que dela sofrem.” Margaret Lanca, Professora Assistente no Departamento de Psiquiatria da Harvard Medical School

Sobre o júri

A avaliação deste prémio foi feita por um comité científico composto por:

Sobre a doença obsessivo-compulsiva

A perturbação obsessivo-compulsiva, que afeta até 4% da população, atinge crianças e adultos e é caracterizada por obsessões recorrentes e comportamentos repetidos constantemente. A doença pode ser altamente incapacitante, visto que as pessoas são dominadas por pensamentos que aparecem na sua mente e que geram intensa ansiedade e sofrimento.