Uma tarde dedicada aos desafios que a NATO enfrenta, com convidados de peso como Michael J. Murphy, Deputy Assistant Secretary do US State Department, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Tom Wright, do Brookings Institute.

No dia 18 de Novembro, a FLAD, juntamente com o Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), assinalou os 70 anos da NATO, com uma conferência que reuniu responsáveis políticos e especialistas nacionais e internacionais para discutir o papel da NATO desde a sua fundação até aos dias de hoje.

A presidente da FLAD, Rita Faden, na abertura da conferência, salientou a capacidade que, contra todas as expectativas, a NATO teve de se reinventar e a cada momento dar resposta às grandes ameaças com que foi deparando, da União Soviética, passando pelo 11 de Setembro, até aos desafios atuais que a Aliança enfrenta.

“A NATO não é uma aliança obsoleta, nem um contrato comercial. A NATO é uma aliança permanente entre as democracias ocidentais. É um pilar insubstituível da ordem internacional.”

Nuno Severiano Teixeira, diretor do IPRI, assinalou alguns desses desafios, afirmando a capacidade da NATO de lhes dar resposta, rejeitando a ideia de que a NATO esteja “brain dead”, como afirmou Emmanuel Macron, presidente de França. 

A conferência contou com as intervenções do embaixador dos Estados Unidos, George E. Glass e de Michael J. Murphy, Deputy Assistant Secretary do US State Department, que afirmou o compromisso dos Estados Unidos com o investimento na NATO. Salientou ainda a necessidade de um reforço de cooperação política dentro da aliança e com o Mediterrâneo como as únicas formas de fazer frente à ameaça russa:

“Temos de explicar aos nossos cidadãos a importância de investir na Defesa”.

Teve ainda lugar um painel dedicado ao tema “A NATO e a Segurança Europeia”, em que se discutiram as grandes ameaças à ordem democrática da Aliança e as atuais diferenças de narrativa política no seio da NATO.

  • Patrícia Daehnhardt afirmou que “a NATO é mais relevante hoje do que alguma vez foi no período do pós-guerra fria”, dado o contexto atual de desordem e de incerteza.
  • Thomas Wright alertou para a necessidade de um compromisso dos líderes políticos com a aliança dos dois lados do Atlântico, afirmando que, para lá da bandeira dos 2% de gastos com a defesa, “precisamos de uma agenda positiva que se dedique aos temas que interessam às pessoas”.
  • Lívia Franco reforçou a importância do consenso no conceito estratégico da NATO e afirmou que, na sua ação, mais do que em palavras, o compromisso dos aliados com a NATO mantém-se forte: “a NATO não mudou substancialmente; o mundo mudou substancialmente”.
  • Ana Santos Pinto focou a sua intervenção na necessidade de reforçar a confiança e a partilha de uma percepção comum num contexto de compromisso político alargado, afirmando que não há alternativa à NATO.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, proferiu a palestra de encerramento. E reafirmou o compromisso português com o fortalecimento do pilar europeu da NATO, nomeadamente através do aumento das capacidades de defesa europeias:

“É preciso aumentar as capacidade europeias no domínio da Defesa. E, sim, é preciso melhorar a política europeia de Segurança e Defesa. Mas isso destina-se, não a substituir a NATO ou a criar uma outra estrutura de defesa coletiva na Europa, mas a reforçar o pilar europeu que é a NATO.”

Na celebração do 70º aniversário da NATO, foi consensual, nas diferentes intervenções, que os membros da aliança atlântica, apesar da difícil narrativa política atual, ainda partilham interesses comuns, defendem valores comuns, e enfrentam desafios comuns aos quais têm que dar resposta através da NATO.